quinta-feira, 3 de maio de 2012

Comentário: Bomba explode no colo de Wagner:

Comentário: Bomba explode no colo de Wagner
Foto: Agência Brasil
A demarcação das terras indígenas do sul da Bahia vem de 1938, embora nunca reconhecida. Governos baianos, já na segunda metade do século 20, distribuíram títulos de propriedade de terras a posseiros e a fazendeiros.
 
Em torno das fazendas, surgiram alguns municípios, dentre eles Pau Brasil e Camacan. Gerou-se um contencioso com os indígenas e daí ao conflito foi apenas questão de tempo. O Estado se posicionou pelos fazendeiros em diversas ocasiões. 

Ontem, O Supremo Tribunal Federal, por sete votos contra um, definiu a querela que se iniciou em 1982, proposta pela Funai, e deu ganho de causas aos índios. Os fazendeiros terão que deixar o local onde ficam 186 fazendas em uma extensão de 54 mil hectares. Terão que ser indenizados pelo governo estadual, que, ao que consta, não tem dinheiro para isso. Há tensão na área e expectativa de um conflito entre índios Pataxó Hã Hã Hãe que não está fora de contexto. Os dois lados estão fortemente armados. É uma situação que pode sair do controle e mais um grave problema para o governo estadual. 

O governador Jaques Wagner está em maré de azar. Se não bastasse a seca que flagela todo o semiárido baiano, disseminando a miséria que já se abate em uma região onde habitam cerca de seis milhões de baianos, boa parte deles abaixo da linha de pobreza absoluta; se não bastasse o atraso das obras federais na Bahia, como a Fiol; a queda de arrecadação do Estado e o seu empobrecimento; as greves que se sequenciam em um processo que assusta gerando desconforto para o público em geral; agora Wagner tem no colo uma bomba de alto poder explosivo. Como e o que fazer? A decisão do STF impôs uma derrota ao Estado. Como o governador é ele e os fazendeiros terão que sair da área, vê-se diante de problemas que se somam em vertigem. 

A ação julgada foi iniciada há 30 anos e a decisão do Supremo não surpreende. Com o reconhecimento de que a área é uma reserva indígena, a Corte decidiu como o fez na região Norte, determinando a retirada dos arrozeiros de uma extensa área reconhecida como reserva dos índios conhecida como Raposa Serra do Sol. 

O mandato do governador Wagner, cercado por problemas de difícil solução, tornou-se amargo. Enfrenta, ao mesmo tempo, o caso dos índios e fazendeiros de Pau Brasil e a seca do semiárido. As próximas horas, e dias, serão cruciais para ele. Vai pagar (como, não se sabe) por um problema que surgiu na primeira metade do século 20 quando as terras da região foram demarcadas para os índios e por um processo iniciado há 30 anos. 

As concessões de títulos de propriedades aos fazendeiros foram feitas por diversos governadores. Paga o preço quem está no cargo. É a bomba que está em seu colo com o pavio aceso. 

Por Samuel Celestino - Bahia Notícias

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