sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Cobertura total de 5G no Brasil pode levar mais de oito anos

A chegada do 5G a todas as localidades do país pode demorar mais de oito anos. O cronograma do edital, cujo leilão das frequências iniciou nesta quinta-feira (4) em Brasília, obriga as operadoras a conectar 100% das cidades com mais de 30 mil habitantes à tecnologia até 31 de julho de 2029.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) definiu que as capitais e o Distrito Federal serão as primeiras a receberem redes 5G, com limite de 31 de julho de 2022. Depois, vêm as cidades com mais de 500 mil habitantes (em 2025), com mais de 200 mil (em 2026) e com mais de 100 mil (em 2027).

Esse é o prazo-limite, mas a tecnologia poderá vingar antes, a depender da concorrência no mercado.

Após o arremate e a assinatura dos contratos, as operadoras que levaram o considerado "filé mignon" do 5G (a faixa de 3,5 GHz), devem constituir a EAF (entidade administradora de faixa), capitáliza-la e compor sua diretoria.

Depois, precisam "limpar a faixa" (muitas pessoas assistem à TV pública pela parabólica) e criar os projetos de engenharia para construir a rede privativa do governo e implementar conectividade do Norte do país, duas obrigações impostas pelo edital.

Para Marcos Ferrari, presidente da Conexis, que reúne as grandes operadoras de telefonia, a demanda deve ditar a velocidade da implementação e a população deve ficar muito tempo com o 4G.

"O leilão é a porta de entrada, mas até começar a funcionar, vai demorar. As operadoras podem ligar uma localidade ou outra, mas conectar todas é um processo mais longo. O 4G ainda tem muito a dar à sociedade", afirma.

Parte das obrigações das empresas é ampliar a conectividade com 4G. O fundo Patria, por exemplo, que arrematou a frequência de 700 MHz com cobertura nacional, terá que levar a tecnologia de quarta geração a mais de 1.100 trechos de rodovias federais.

Claro, Vivo e Tim arremataram as principais faixas do leilão de 5G nesta quinta. Juntas essas empresas pagarão R$ 6,8 bilhões em outorgas para a União.

Foram arrematadas também licenças nas frequências de 700 MHz (megahertz) e de 2,3 GHz. Levaram blocos o Patria, a Brisanet, o Consórcio 5G Sul, a Cloud2U e a Algar. A Anatel decidiu deixar os lotes na faixa de 26 GHz para a sexta-feira (5).

A expectativa do governo é arrecadar, no máximo, R$ 9 bilhões com o leilão em todas as faixas de frequência. Elas foram avaliadas em R$ 49 bilhões pela Anatel, mas o edital impôs investimentos obrigatórios (cerca de R$ 40 bilhões) para até os próximos 20 anos, que serão descontados do preço das licenças. A diferença entrará no caixa do Tesouro.

ENTENDA O 5G
O que é 5G?
Nova geração de sistemas celulares e arquitetura de rede que permite conectividade de banda larga baixa latência e alta velocidade para conectar objetos e pessoas

O que é latência?
Latência é o tempo que um pacote de dados demora a ser transferido de um ponto a outro. Quanto mais baixa a latência, mais rápido trafega a informação. No 5G, o tempo entre o estímulo e a resposta real da rede é de 1 milissegundo; no 4G apresenta, 50 milissegundos.

Qual o aumento de velocidade?
A rede 4G é capaz de atingir a velocidade de 1 Gbps um gigabit (1 Gbps). A expectativa é que o 5G seja 10 ou 20 vezes mais rápido, chegando a 20 Gbps

É preciso ter um celular com tecnologia 5G para funcionar nessa rede?
Sim. No entanto, a tecnologia vai estar disponível somente no meio de 2022 nas capitais brasileiras

O que acontece com os celulares 4G, 3G e 2G?
Continuam a funcionar. A Anatel diz que o 5G agrega novas faixas de frequência à telefonia celular sem alterar as faixas já disponibilizadas

Por que o 5G importa?
Para o consumidor final, o 4G é considerado satisfatório para atividades de entretenimento, trabalho e educação. O 5G atende a novas demandas da indústria de manufatura, do agronegócio, da saúde e outros setores. Como permite a comunicação quase em tempo real, a tecnologia é vislumbrada para o desenvolvimento de carros autônomos, para o controle remoto de fábricas, para a implantação de sistemas inteligentes em lavouras e outras soluções que devem surgir nos próximos anos.

Por Paula Soprana | Folhapress / BN

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