segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Entrevista especial com o Padre Nicásio Fernandez Pazuello

Presente na sétima noite do Novenário em Louvor ao Sagrado Coração de Jesus no dia 01 de fevereiro, o religioso falou sobre o saudoso padre Leopoldo e das dificuldades em evangelizar no sertão baiano nas décadas de 80 e 90, dentre outros assuntos.
O padre espanhol Nicásio Fernandez Pazuello, pároco de Serrinha por mais de 20 anos e atualmente na Paróquia de Retirolândia, foi o responsável pela vinda do saudoso padre Leopoldo Garcia Garcia a Ichu no início da década de 90. Ele esteve presente na sétima noite do Novenário em Louvor ao Sagrado Coração de Jesus padroeiro de Ichu no dia 01 de fevereiro e na oportunidade ele falou sobre a vinda do saudoso padre Leopoldo a Ichu, assim como das dificuldades em evangelizar no sertão baiano nas décadas de 80 e 90. A entrevista especial foi concedida a Edcarlos Almeida para a Rádio Comunitária Independente Fm.

Edcarlos Almeida
Na entrevista o pe Nicásio falou do saudoso padre Leopoldo e disse que foi um grande amigo e que fez um belo trabalho social dentro da Igreja. Ele revelou o motivo de ter trazido Leopoldo para Ichu. "Não queria que o povo sofresse tanto porque via a dificuldade que tinha o povo pobre naquela época em relação a comodidade, e o padre Leopoldo já fazia trabalho social pelo mundo, por isso achei importante a vinda aqui de Leopoldo, nós trouxemos e ele era muito amável, muito carinhoso, gostava muito das crianças, era uma maravilha de padre, importante como agora eu relembro de Leopoldo depois de 21 anos que ele faleceu, era muito amigo e continuo rezando por ele. Eu agora com o padre Ademir em Retirolândia fazemos também muito trabalho bonito social da cárita com as crianças, coroinhas e demais, acho que o meu trabalho está sendo um pouco parecido com o trabalho de Leopoldo, ele fez muito trabalho social porque ele se preocupava muito com os pobres", declarou. 

Padre Nicásio
Nicásio falou como conheceu o padre Leopoldo. "Eu estava no seminário porque eu entrei desde criança ao seminário, eu estudava teologia e nos últimos anos quando Leopoldo depois de ser professor de matemática ele era licenciado em Ciências Exatas, a vocação dele foi já adulto e tinha que aprender Latim naqueles tempos e tinha que aprender música e ele foi meu aluno de música, eu lembro que padre Leopoldo era muito mal, ele cantava muito ruim e quando ia examiná-lo eu colocava uma lição e dizia, eu quero dó ré dó ré mi e ele sempre tirava um cinco, Leopoldo era aprovado com o mínimo, mas já era muito carinhoso, e quando eu cheguei aqui em 1.979 ele soube que eu estava no Rio de Janeiro e ele queria vim só que eu deixei Rio de Janeiro e vim a Bahia em Serrinha, então depois eu chamei, Leopoldo você tem que vim a Bahia porque somos amigos e ele veio aqui. Falava muito ruim acho que nunca aprendeu português e falava mal espanhol e mal português, mas um santo, um santo varão um homem muito querido e muito integrado ao serviço da Igreja e da pastoral social. Conheci assim e fizemos muitos amigos e é claro rezo muito por ele", lembrou.

Ele falou das dificuldades encontrada em 1.979 para anunciar a BOA NOTÍCIA, A BOA NOVA no sertão baiano. "Quando chegamos aqui era muito pobre toda essa região, os carros eram todos velhos comprados em Salvador aqueles que já estavam com ferrugem, não tinha telefone nós não podíamos comunicar com a Espanha, era também uma dificuldade muito grande com moradia porque o padre que estava de páraco aqui em Serrinha não deixou a casa, então eu morei numa casa de muito mofo, muita coisa, mas interessante porque encontramos um povo religioso, muito religioso, eu me sentia muito querido pelo povo, agora muito pobre, da maneira que eu fiz 40 capelas em Serrinha, depois trabalhei para fazer a Diocese de Serrinha com Dom Itamar e graças a Deus que fizemos o Centro Santa Tereza, a casa do Bispo, A Curia, consertei a catedral e chegou o Bispo Dom Ottorino e agora já Dom Hélio, mas importante era as dificuldade do acesso para irmos às comunidades e também para as comunidades vim a Serrinha, aproveitávamos os sábados e dávamos catequeses, formávamos os agentes de pastoral e fazíamos capelas, porque eu fiz 40 comunidades novas e 40 capelas em Serrinha, trabalhamos muitíssimo muitíssimo. Agora Serrinha é muito diferente, agora tem carros bons, naquele tempo não, era umas camionetes e eles vinham lá em cima sentados e um toldo que cobria eles quando chovia (se referindo ao pau de arara), era uma pobreza muito grande, mas trabalhamos muito muito no social ajudando aos pobres", revelou.

Nicásio falou também de sua participação junto com o padre Leopoldo para a capela de Ichu se transformar em Paróquia. "Eu ajudei muito o padre Leopoldo, eu trabalhei muito aqui com ele, fizemos uma reforma e criamos várias comunidades, quando chegamos aqui tinha poucas comunidades e trabalhamos muito para fazer as comunidades e demos uma contribuição muito grande na formação de agentes pastoral, Leopoldo fez o centro de formação e eu vinha muito aqui dar formação a muita gente com Leopoldo, ajudamos a Igreja e os mais pobres porque isso era a nossa meta", disse. 

Ele falou de quando esteve em Ichu pela última vez. "Acho que depois da morte de Leopoldo eu só me recordo ter vindo aqui uma vez quando teve aquele problema com aquele padre (padre Djalma) a pedido do Bispo Dom Ottorino, mas graças a Deus tudo foi resolvido e agente tem que esquecer aquele episódio", lembrou.

Ele fala da alegria em estar de volta a paróquia de Ichu depois de muitos anos. "É uma alegria enorme, vim matar a saudade ver o túmulo de Leopoldo para mim é como renovar de novo a sua amizade, rezei por ele e acho que Leopoldo nunca vou esquecer porque foi um grande amigo, era muito raro no sentido de que não cuidava o carro não cuidar das coisas, era diabético e comia doces, não poder comer isso ou aquilo e ele comia, e claro por isso morreu antes, porque não se cuidava, padre Leopoldo não se cuidava, cuidava da gente, das crianças da palavra, de tudo, mas que pena, hoje sabemos que está no céu como um padre exemplar", disse. 

Padre Nicásio também destacou a importância da Rádio Comunitária como um meio de comunicação e de evangelização na comunidade e disse acreditar que através da rádio "que foi uma luta do padre Leopoldo" ele (Leopoldo) ainda evangeliza aqui em Ichu. "Eu acho muito importante a rádio como meio de comunicação, tantas vezes poucas gentes vem a missa, mas a rádio chega a todos os povoados e é uma maneira grande de evangelizar, então podemos dizer que Leopoldo ainda está evangelizando aqui através dessa rádio que ficou como meio de comunicação para o povo ichuense", lembrou.

A entrevista foi encerrada com uma mensagem ao povo ichuense em especial aos idosos que não podem mais irem a missa, mas ouvem através da rádio. "Eu diria aos idosos que não podem sair de casa que tem esse meio da rádio para escutar o que a Paróquia quer comunicar para eles dentro de suas casas, eu diria escutem, escute na rádio que é um meio de chegar até vocês já velhinhos que não podem saírem de casa, eu também penso assim, já também como velhinho com 90 anos que vou fazer no dia 29 de Março, então é importante usar os meios que nós temos para nos comunicar, escute na rádio programas maravilhosos dedicados para os velhinhos, para a terceira idade, é importante que vocês sigam sempre os grandes exemplos dessa rádio que deixou Leopoldo e que possa ser a maneira que Leopoldo ainda não morreu, que está vivo e se comunica através da rádio que ele deixou aqui como meio de comunicação, um grande abraço para todos vocês que estão agora me escutando, continue com aquele Leopoldo o Profeta da Esperança e o padre Nicásio Profeta das Comunidades, eu amo as comunidades, Igreja e Comunidade, Comunhão e Participação, a todos deixo um abraço aqui e dizer viva Leopoldo, viva a Espanha já que nós queremos deixar as nossas vidas aqui como brasileiros e também relembrar de nossa terra, que nos trouxe e que viemos aqui para nós evangelizar e fazer o bem a esse povo tão querido brasileiro", finalizou.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Entrevistador: Edcarlos Almeida
Entrevistado: Padre Nicásio Fernandez Pazuelo
Áudio: Rádio Independente FM
Vídeo: Ichu Notícias

Redação Ichu Notícias

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