quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões em menos de um ano, aponta relatório da Polícia Federal

PF suspeita de lavagem de dinheiro e outros ilícitos na movimentação dos recursos pelo ex-presidente
Um relatório da Polícia Federal, baseado em informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024, em operações financeiras consideradas suspeitas de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais. O R7 tenta contato com a defesa do ex-presidente.


O documento, elaborado pelo Serviço de Análise de Operações Policiais da PF, analisou RIFs (Relatórios de Inteligência Financeira) do Coaf que detalharam transações envolvendo Bolsonaro, o filho dele Eduardo Bolsonaro e pessoas próximas.  Segundo a análise, entre 1º de março de 2023 e 7 de fevereiro de 2024, Bolsonaro recebeu R$ 30.576.801,36 em créditos e realizou R$ 30.595.430,71 em débitos.  

Origem dos créditos:
  • Pix: R$ 19,2 milhões (mais de 1,2 milhão de operações); 
  • Aplicações em CDB/RDB: R$ 8,7 milhões; 
  • Operações de câmbio: R$ 1,4 milhão; 
  • Proventos: R$ 373 mil. 
Destino dos débitos:  
  • Aplicações em CDB/RDB: R$ 18,3 milhões; 
  • Transferências via DOC/TED: R$ 7,5 milhões; 
  • Pagamento de títulos: R$ 1,5 milhão; 
  • Pix: R$ 1,1 milhão. 
O PL (Partido Liberal), legenda à qual Bolsonaro é filiado, foi um dos principais remetentes de recursos, com R$ 291.708,41 em dez lançamentos nesse período.

Segundo a Polícia Federal, as comunicações de operações financeiras que estavam nos RIFs analisados para o documento não abrangem todas as movimentações realizadas na conta do ex-presidente, apenas as que aparentam indicar algum crime. 

“Tais comunicações referem-se exclusivamente às operações identificadas pelos entes obrigados como possivelmente relacionadas à lavagem de dinheiro ou a outros ilícitos, dentro do período especificado na própria comunicação”, disse a PF.

“Essa prática decorre do cumprimento da Lei nº 9.613/1998, bem como das normas expedidas pelos órgãos reguladores dos respectivos setores econômicos em que atuam os comunicantes. Esse conjunto normativo constitui o denominado sistema de prevenção e controle da lavagem de dinheiro”, acrescentou a corporação.  

Bolsonaro indiciado 
As informações sobre as movimentações financeiras de Bolsonaro fazem parte do inquérito da PF no qual o ex-presidente foi indiciado por tentar atrapalhar a ação penal do golpe, da qual ele é réu.  

A Polícia Federal viu indícios de que Bolsonaro e o filho Eduardo cometeram os crimes de coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L).  

O relatório final da investigação foi apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal) na quarta-feira (20).  

Segundo o documento, Eduardo teria atuado junto a autoridades dos Estados Unidos para tentar impor sanções contra integrantes do STF, da PGR e da Polícia Federal, com o objetivo de interferir na ação penal do golpe e obter impunidade para o pai.  

O deputado também teria usado redes sociais em inglês para atingir o público internacional e coordenado a divulgação de narrativas favoráveis aos investigados.  

Jair Bolsonaro é acusado pela PF de corroborar e financiar as ações do filho. Segundo a corporação, ele descumpriu medidas cautelares que proibiam o uso de redes sociais e manteve comunicação coordenada com terceiros para divulgar conteúdo que pudesse coagir autoridades.  

O ex-presidente também teria planejado fuga do país, mantendo contato com plataformas e grupos nos EUA para direcionar sua comunicação, e realizado operações financeiras atípicas para financiar atividades ilícitas.  

O relatório da PF destaca que as condutas identificadas tinham como objetivo coagir autoridades públicas, gerar impacto na ordem pública e econômica do país, desestabilizar relações diplomáticas com os Estados Unidos e atender interesses pessoais dos investigados, especialmente para evitar condenações na ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado.

Fonte: R7, em Brasília

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