quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Polícia Federal encontra rascunho de pedido de asilo político na Argentina no telefone de Bolsonaro

PF indiciou ex-presidente e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de obstrução de Justiça no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. 
Foto: Reprodução
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suspeita de coação no curso do processo, devido a intimidações a autoridades responsáveis pela ação penal da tentativa de golpe de Estado.


Durante as investigações, a PF encontrou mensagens de Jair Bolsonaro planejamento um pedido de asilo político na Argentina.

A PF encontrou no smartphone de Bolsonaro um arquivo editável sem data e assinatura em que é pedido asilo político em regime de urgência para Bolsonaro.  

Segundo a PF, o teor do documento revela que Bolsonaro, desde fevereiro de 2024, planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal.   
Página de documento em que Bolsonaro pede asilo na Argentina achado no
telefone do ex-presidente — Foto: Reprodução 
No relatório, a PF informou que foram extraídos do celular de Jair Bolsonaro áudios e conversas com Malafaia e Eduardo Bolsonaro que haviam sido apagados.

Esses registros reforçariam, segundo os investigadores, as tentativas de articulação para intimidar autoridades brasileiras e atrapalhar os inquéritos que apuram a trama golpista.

"As mensagens demonstram que as sanções articuladas dolosamente pelos investigados foram direcionadas para coagir autoridades judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF) que atuam no julgamento da AP n° 2668-STF, com a finalidade de favorecer interesse próprio, qual a seja, impedir eventual condenação criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro e demais réus, acusados pela prática dos crimes de organização Criminosa, Abolição Violenta ao Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", diz o documento da PF.  

Documento criado por 'Fernanda Bolsonaro' 

O relatório da Polícia Federal também apresenta os meta dados do documento de 33 páginas que indicam que o arquivo foi criado por um usuário chamado "Fernanda Bolsonaro", que também é o último autor do documento.

"Nesse sentido, é possível que o usuário em questão esteja vinculado à pessoa de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, nora do ex-presidente e esposa do senador Flavio Nantes Bolsonaro", diz o relatório da PF. 

A Polícia Federal relembra no relatório que cerca de dois meses antes da última edição do documento, em 5 de dezembro de 2023, Bolsonaro informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que viajaria para a Argentina entre 7 e 11 de dezembro.  

"Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa", diz o relatório. 

Malafaia alvo de mandado 

A decisão consta de relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão e de retenção de passaporte.

Segundo a investigação, agentes cumpriram mandado de busca pessoal contra o pastor, com apreensão de celular e outros materiais.

Malafaia retornou nesta quarta ao Brasil, vindo de Lisboa. Ele foi recebido no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e conduzido para prestar depoimento à PF.   
O pastor Silas Malafaia (d) discursa durante ato em apoio ao ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL)(e), na Avenida Paulista, na região centro-sul da cidade de
São Paulo, na tarde deste domingo, 29 de junho de 2025
Contexto da investigação 
O inquérito foi aberto em maio, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou a atuação de Eduardo Bolsonaro em busca de sanções contra ministros do STF junto ao governo dos Estados Unidos. 

O caso levou à abertura de investigação contra Jair Bolsonaro, que já cumpre prisão domiciliar por descumprimento de ordens judiciais.   

No início de julho, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou a apuração por mais 60 dias, destacando a necessidade de novas diligências.

Por Márcio Falcão, Pedro Henrique Gomes, Reynaldo Turollo Jr, Fernanda Vivas, Vinícius Cassela, Vladimir Netto g1 — Brasília

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