A pequena Fazenda Sant’Anna dos Olhos d’Água, se tornou a segunda maior cidade do estado e a maior cidade do interior do nordeste.
Neste 18 de setembro, Feira de Santana completa 192 anos de emancipação política. A “Princesa do Sertão” carrega em sua trajetória a marca da resistência, do trabalho e da devoção que moldaram sua identidade cultural e a transformaram em um dos mais importantes polos urbanos e econômicos da Bahia.
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| Museu do Comércio | Foto: Paulo José/Acorda Cidade |
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| Casarão dos Olhos D´Água, considerado a primeira habitação de Feira de Santana. Foto: Reprodução/Memorial da Feira | Prefeitura de Feira de Santana |
A pequena Fazenda Sant’Anna dos Olhos d’Água, se tornou a segunda maior cidade do estado e a maior cidade do interior do nordeste.
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| Feira livre | Foto: Reprodução | Prefeitura de Feira de Santana |
“Foram justamente as estradas de boiada e o comércio de gado de feira que atraem as pessoas para o município, expandem a cidade, uma pequena vila começa a se formar em uma cidade, uma cidade que é promotora de um futuro próspero por causa do gado, por causa do comércio, e isso atrai os coronéis e atrai também muitos visitantes.”
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| Matriz de Sant´Anna, ainda sem as torres | Foto: Reprodução/Memorial da Feira | Prefeitura de Feira de Santana |
A famosa Feira do Gado, que se realizava no centro da cidade, era um evento de grande porte que atraía milhares de pessoas e movimentava a economia local e regional. Com o tempo, essa dinâmica de comércio se expandiu para outros setores, como a venda de cereais, tecidos e artesanato, consolidando Feira como um dos maiores centros de abastecimento do interior baiano.
A pesquisadora, que atua há 33 anos na rede básica de ensino, também destacou como essa herança moldou o caráter econômico da cidade, que, por muitas vezes, ofuscou a cultura existente na cidade.
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| Historiadora Márcia Sueli | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade |
A urbanização de Feira de Santana, especialmente a partir da metade do século XX, trouxe uma nova fase na história da cidade.
A abertura de grandes avenidas transformou o traçado da cidade e impulsionou o crescimento para além do que se via antes. No entanto, essa expansão urbana trouxe consigo desafios sociais. A professora Nascimento explica que o planejamento urbano, muitas vezes, segregou a população.
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| Foto: ACM |
A partir dos primeiros planejamentos urbanos, no final da década de 60, por meio do governo João Durval, houve as primeiras mudanças urbanas em Feira, com a criação de grandes avenidas como a Getúlio Vargas, a Senhor Passos e Maria Quitéria.
Esses movimentos de urbanização e planejamento da cidade foram retirando os grupos historicamente excluídos para as periferias.
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| Avenida Senhor dos Passos, década de 1930 | Foto: Reprodução/Memorial da Feira | Prefeitura de Feira de Santana |
“Nesse movimento de periferia, no caso dos negros, a gente ainda percebe nos bairros periféricos os pedromínios deles. No caso dos ciganos, eles começam a ser relocados, e aí eles saem do município em direção às cidades do interior. Mais interior ainda do que Feira de Santana. Então, isso começa a tomar um rumo para as regiões de Serrinha, região de Itaberaba. Então, vocês começam a ver uma retirada desse lugar”, acrescentou a professora em entrevista ao Acorda Cidade.
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| Praça Dom Pedro II, julho de 1952, atual Praça do Nordestino e onde funcionou o antigo Campo do Gado | Foto: Reprodução/Memorial da Feira | Prefeitura de Feira de Santana |
A identidade de Feira de Santana, forjada no entrelaçamento do comércio com a cultura sertaneja, é celebrada em diversas manifestações. A Exposição Agropecuária de Feira de Santana (Expofeira), por exemplo, continua a ser um evento que resgata a tradição da pecuária, mostrando que a herança do gado ainda pulsa no coração da cidade.
Outras manifestações, como a Micareta, a mais antiga do Brasil, e o São João, considerado um dos primeiros do interior baiano, revelam o caráter festivo e a riqueza cultural da Princesa do Sertão, que se tornou um ponto de encontro de diferentes ritmos e tradições.
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| Foto: Beatriz Rosado/Acorda Cidade |
São expressões como a Flifs, Festival Literário e Cultural de Feira de Santana, um dos eventos culturais mais importantes da cidade e da região que celebra 18º edição levando arte, literatura, cultura e conhecimento para toda a população.
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| Foto: Ighor Simões |
“A economia de feira ainda é marcadamente o mercandejar, é de comércio e a gente ainda tem, sim, a questão da pecuária. Tanto que as expofeiras da cidade ainda fazem uma grande movimentação. Por quê? Porque, apesar de não ter mais a visibilidade que se tinha economicamente, a gente ainda tem em nosso retorno, a parte da agricultura familiar e a parte da pecuária ainda existente. Então, ela precisa ser levada em consideração.”
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| Foto: Paulo José/Acorda Cidade |
“A Feira precisa da visibilidade aos sujeitos que foram retirados de sua história. A gente recebeu, sim, um povoado, populações negras, populações indígenas, e que não são colocadas na história da cidade, e que formaram também essa cidade enquanto uma cidade de comércio. E o que ela deve levar para o futuro é que, por ser uma cidade de trabalho, ela precisa continuar a ter o comércio forte, mas ela precisa também garantir cultura, garantir lazer e garantir a preservação do seu patrimônio histórico e da sua história.”
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| Foto: ACM/Prefeitura de Feira |
A Princesa, com sua história de trabalho, resistência e adaptação, continua a ser um símbolo da força do povo baiano com nomes importantes em sua história como Maria Quitéria, Germiniano Costa e Lucas da Feira. Essa potência segue em construção, com uma memória viva sendo levada para o mundo através de artistas como Russo Passapusso, Rachel Reis, Duquesa e tantos outros, de tantas áreas que segue orgulhando essa grande cidade do interior.
A trajetória de Feira de Santana é um lembrete de que a verdadeira riqueza de uma cidade não está apenas em seu crescimento material, mas na preservação de sua memória, na valorização de sua gente e na celebração de sua identidade única.
Por Jaqueline Ferreira, com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade














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