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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Fé louvor e devoção marca o encerramento do mês de Maria no Canavial uma tradição que já dura séculos:

Mantendo uma tradição de mais de um século, familiares, vizinhos e amigos da saudosa Elvira Carneiro de Almeida mais conhecida como Elvira do Canavial realizou na noite deste sábado dia 28 o encerramento do mês de Maria, depois de 30 dias de muita fé e devoção em louvor a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, a santa que tem toda família como devoto a cerca de 150 anos.

Durante um mês, iniciando sempre na ultima quarta-feira de agosto e se encerrando no ultimo sábado de setembro, todos os dias acontecem esta reza na fazenda Canavial pertencente à família da já falecida Elvira Carneiro de Almeida, morta a mais de três anos. A reza é muito bonita e tem parte que é em leitura, porém em sua maioria é realizada em forma de cântico (louvor) e você pode conferir um trecho clicando no play abaixo...

Cada dia era lido um texto do evangelho e na noite de encerramento a leitura foi no evangelho de Mateus capitulo 16 e os versículos de 19 a 31 onde fala a parábola do rico e Lázaro que foi lido por um tataraneto e neto da falecida Elvira o senhor Edson que no final ainda fez uma explanação sobre o texto que para ilustrar ele contou a história de dois homens sendo um patrão e o outro empregado que, morreram juntos e ao chegarem ao céu um lugar luxuoso estava preparado para o empregado e um lugar bem desconfortável estava preparado para o rico que questionou a São Pedro o motivo pelo qual ele que era rico teria que ficar em um lugar mais inferior do que o seu empregado que era podre, diz a história que São Pedro respondeu-lhe que aquela morada foi preparada com o material que eles haviam mandado ao céu enquanto viviam na terra. Com isso Edson explicou que cada um de nós cristãos, precisamos mandar um excelente material para o céu enquanto ainda estamos aqui na terra e que isso segundo ele é feito com boas obras e ações.
 
Todos os dias de reza são importantes, entretanto, os últimos três sábados são mais importantes ainda, pois estes são dedicados, primeiro às crianças, segundo aos jovens e por fim o ultimo sábado que é o encerramento, onde inclusive acontece a coroação da santa que é feito através de duas crianças onde uma delas coloca a coroa e a outra canta o cântico de coroação em um gesto muito bonito e emocionante que você pode conferir no vídeo abaixo...
Dona Odete Carneiro de Almeida de 69 anos que é uma das filhas conta as dificuldades encontradas para manter esta tradição, segundo ela, por morar em Feira de Santana isso atrapalha um pouco já que não pode ajudar na organização como pretendia. Já dona Eronildes Carneiro de Almeida Araújo que também mora em Feira de Santana fala da alegria em ver toda família e amigos juntos e empenhados para manter esta tradição, para ela é muito bonito e emocionante, ela disse ainda que acredita que seus filhos e netos vão manter esta tradição.

Confira abaixo o áudio com as entrevistas onde dona Odete e dona Eronildes falam desta tradição...
Por Valdir Carneiro // Ichu Notícias da Rádio Independente fm
 
Relato sobre a comunidade de Canavial e a Devoção a Nossa Senhora Imaculada Conceição:
Em 18 de janeiro de 1870, João Carneiro de Oliveira, casou-se com dona Francisca Eliotéria do Amor divino, jovem natural de Riachão do Jacuípe, que desde os 10 anos de idade frequentavam os atos religiosos e teve a felicidade de experimentar a prática da devoção a Imaculada Conceição da Virgem Maria, na Igreja da cidade de Riachão do Jacuípe. Casada e residindo na fazenda Canavial, logo começou a devoção Mariana, rezando o mês de Maria com muita dedicação e fervor, contava com a participação dos amigos e familiares.

No primeiro dia pela manhã, levantava-se uma bandeira branca que acenava dando sinal de que já iniciara a reza. Mais tarde, organizaram um sábado, a noite das crianças, noite das moças todas trajadas de branco, que com grinalda ofereciam flores à virgem Maria. No final do mês (o ultimo dia da reza) havia leilão e era animado pela banda 07 de setembro da comunidade de Caldeirão, isto porque o proprietário da fazenda era sócio da banda.

O altar era organizado num quarto com duas portas: uma de acesso à varanda e outra para o corredor, com a finalidade de na hora da reza separar os homens das mulheres, costume que anos depois deixou de existir. A devoção a Nossa Senhora cresceu de forma tão abençoada que foi preciso construir um local apropriado para as orações da comunidade. Com ajuda dos filhos e amigos construíram um sóton (na parte de baixo uma casa de farinha e na parte de cima um salão apropriado para orações), com um altar de estrutura de madeira dedicado a Nossa Senhora da Conceição.

No monte da fazenda colocaram uma cruz de madeira, e realizam acompanhamento levando em andor imagem de Jesus Crucificado, às sextas-feiras da paixão subindo o monte com fervor, amor e demonstração de fé. Até hoje o monte do Canavial na semana santa, principalmente nas sextas-feiras da paixão é um dos mais frequentados pelos ichuenses e visitantes das comunidades vizinhas que mantém viva a cultura e a religiosidade popular.

Como o proprietário era católico fervoroso, todo ano ia de pé a Candeias com alguns amigos e membros da família. No recôncavo fez amigos e com eles, conseguiu muda de cana-de-açúcar com as quais fez grande plantio que deu origem ao nome Canavial. Animado e confiante na sua competência, por uns 15 anos se preparava confeccionando as peças com madeiras fortes (baraúna, aroeira, peroba e outras). Quando concluído seu demorado trabalho montou o sonhado engenho de moer cana, experiência adquirida nas visitas e amizades com os donos de engenho do recôncavo baiano. De início, fez um carro puxado por carneiros, mais tarde, um carro de bois para os serviços do engenho.

Com o suco tirado da cana fazia meladinha, o mascavo (açúcar escuro não refinado), rapadura, mel de puxa que era destilado do açúcar. Tudo era distribuído com os familiares, amigos e nas noites de reza servia todas as pessoas com o delicioso produto.

Devido os rigorosos invernos (muita chuva) naquela época, a mês de Maria foi transferido de maio para setembro, mês que a Igreja celebra a festa da Natividade e as Dores de Nossa Senhora. Após a morte do casal, assumiu a devoção à Imaculada Conceição a filha Odília Donata Carneiro, mulher de fé, dedicada, professora leiga por devoção que prestou relevantes serviços à comunidade e comunidades circunvizinhas. Para animar as noites de reza fazia baile de Pastorinho e animadas dramatizações.

A senhora Francisca Eliotéria, viúva de Janjão do Canavial teve como filha adotiva a senhora Alice Margarida de Almeida. Esta ao falecer deixou uma filha, Florisbela de Almeida Carneiro (Lelinha) e Felogonia (Gone), filha do sr. Vitoriano, criado por Janjão que muito trabalhou na lavoura de cana e nos serviços do engenho que era movido por uma junta de bois. Moraram na fazenda as senhoras Teodora, Vitória que era a parteira da região, Rufina – negra de fibra que devido a sua idade saiu desgostosa para Pé de Serra satisfazendo assim a vontade dos filhos, pessoas de fé que muito contribuíram para manter viva a devoção a Nossa Senhora. Residiram na fazenda Canavial Roque Bamba, Tomaz de Aquino Carneiro, Epifânio José, João Carneiro Neto, Elvira Carneiro de Almeida que desde os 07 anos de idade aprendeu com sua mãe adotiva os cânticos da reza e se tornou uma discípula de sua devoção. Morou no Canavial como agregado João da Mota, conhecido como João da Mata e Argemira que ficou sozinha depois da morte de Odília. Morou com Argemira, Josefa Maria (Josefa do Canavial) e outros.

Após a fazenda ter sido totalmente recuperada, sem nenhuma danificação na sua estrutura física, residiu na mesma e assumiu a devoção centenária com os costumes e tradições a senhora Elvira Carneiro de Almeida, descendente da terceira geração que, juntamente com os filhos, amigos e parentes, reuniram-se todo ano para juntos, com o mesmo Espírito de fé, amor e entusiasmo, louvaram a Virgem Maria. Reza-se também a novena de São Roque, devoção do pai de Elvira e de seu esposo Roque Sebastião de Almeida.

Sob a luz do Espírito Santo, a Igreja Católica, depois do Concílio Vaticano II, concedeu aos leigos o direito de celebrar nas comunidades o culto Dominical. As pessoas católicas da fazenda Canavial, com o incentivo da professora Luci, organizaram-se e começaram celebrar o culto em 1973, todos os domingos para louvarem e engrandecerem ao Deus da Vida, atitude de amor e fé, com a participação dos familiares e amigos, no sóton da fazenda.

Com a colaboração de pe. Geraldino Rosa de Oliveira, na paróquia Nossa Senhora da Conceição de Riachão do Jacuípe-Ba, atuando nas atividades pastorais em Ichu, juntamente com a missão dos festejos do Sagrado Coração de Jesus, organizaram as comunidades com seus padroeiros e Pe. Geraldino declarou Nossa Senhora da Conceição padroeira da Comunidade de Canavial e em 1982 participou da festa do Sagrado Coração de Jesus como comunidade.

Após a criação da Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Ichu, em 1991, Pe Leopoldo Garcia e Garcia foi o primeiro pároco que dirigiu os trabalhos na paróquia e o culto Dominical, ou seja, a celebração da palavra continuou no sóton, porém as missas  e as atividades pastorais continuaram no prédio Escolar.

Com o afastamento de Maria Neja das atividades da comunidade, por designio de Deus, assume Antônio Gomes Carneiro que, juntamente com Antônia Mamedia e Doraci Rainha, organizaram a comunidade para o engrandecimento do Reino de Deus.

Alguns meses depois do falecimento do Pe. Leopoldo, em 13 de janeiro de 2003, assumiu a administração paroquial a professora Maria Dalva de Oliveira Carneiro, que deixou tudo como estava organizada antes.

Em 04 de maio de 2004, com achegada do Pe, Djalma Brito Mota como administrador paroquial, também nada mudou em relação as atividades religiosas, porém houve uma melhor organização na estrutura administrativa da comunidade, como: livro de ata para registro das reuniões de planejamento e avaliação das atividades, das prestações de contas, pastas para arquivo de documentos da secretaria, livro caixa para registro de receitas e despesas, pasta para arquivo de documentos que provam os gastos, fez-se as vestes litúrgicas, reorganizou o dízimo que foi implantado no período de Pe. Leopoldo e estava desativado na comunidade.

Em fevereiro de 2007, com Pe. Luiz Ademir como administrador paroquial aconteceu uma reunião do CPP com a finalidade de reorganizar os trabalhos na Paróquia e nas Comunidades Cristãs, base de sustentação das atividades pastoriais. Nesta reunião já ficou agendadas as festas dos padroeiros de Canavial no dia 12 de cada ano e de Mumbuca na segunda semana do mês de janeiro.

Pensando em organizar melhor a comunidade para a festa de sua Padroeira, em 26 de janeiro de 2007, os coordenadores Antônio Gomes e Antônia Mamédia organizaram um abaixo assinado juntamente com os moradores reivindicando do prefeito Municipal, na pessoa do Sr. Carlos Santiago de Almeida, a doação do imóvel (prédio escolar) para paróquia com a finalidade de transformá-lo na capela de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da comunidade. O projeto de lei foi encaminhado à câmara de vereadores e por decisão unânime foi aprovada a doação do imóvel (prédio escolar), na fazenda Canavial, para a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Diocese de Serrinha-Ba, em 26 de maio do mesmo ano.

Com a permissão dos membros do conselho Econômico Paroquial e de Pe. Francisco Pereira do Rosário foram feitas algumas modificações na estrutura física do prédio, transformando-o em Capela para as celebrações na comunidade. Por essa razão as celebrações da palavra com a distribuição da Eucaristia, que eram no sóton da fazenda, imóvel pertencente especialmente a família, as atividades passaram por decisão de Pe. Luiz Ademir, para a capela, local apropriado para os atos religiosos na comunidade, patrimônio próprio da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.

De 05 a 08 de dezembro do ano de 2007 aconteceu a primeira festa de Nossa Senhora da Conceição com a participação das Comunidades, movimentos e pastorais e a primeira Missa Festiva em honra da Imaculada Conceição foi celebrada por Pe. Francisco Pereira do Rosário. 

De lá para cá a comunidade vem se organizando, fazendo diversas campanhas para as obras da Capela, continua suas atividades religiosas como: toda quinta-feira acontece visita e adoração ao Santíssimo Sacramento, mês da Bíblia, encontros do mês vocacional, Natal em Família, reza do terço, ofício de Nossa Senhora e se reúne sempre para planejar e avaliar as atividades, faz as prestações de contas todo mês e entrega à Paróquia uma cópia, faz a festa da Padroeira e, logo após, presta contas à comunidade e à Paróquia, tem Missa todo mês. Tudo isso é uma benção que só se tem que agradecer ao Deus vivo e verdadeiro.

Atualmente, com a morte de Elvira Carneiro de Almeida, em 15 de abril de 2010, assumiu a devoção do mês de Maria seus filhos que, com pesar, mas animados pela fé e amor a Mãe de Deus continuam com a devoção centenária.

Na comunidade existem famílias que rezam de Santo Antônio, São Pedro, São João com fogueira e festas tradicionais, fazem presépios (lapinha), reza de São Roque, todas são atividades culturais que manifestam o sentimento e a fé das pessoas simples que vivem na zona rural do município de Ichu, e tem como atividade econômica o plantio de subsistência, o cultivo de milho, feijão, mandioca e outras espécies de legumes. Para ajudar na alimentação criam pequenos animais como cabra, ovelhas, porcos;criam galinhas e outros; algumas pessoas criam gado. Existem pessoas que são aposentados, outras trabalham para si e outras vendem seu dia para sobreviver e existem ainda pessoas que são asseguradas do INSS por problemas de saúde.

Sob a coordenação de Maria Auxiliadora (Dodora) e de médicos vegetarianos que vêm de Feira de Santana, realiza-se um trabalho de conscientização sobre a alimentação com vegetais, que é muito importante para a saúde das pessoas e evita certas doenças.

Maria Auxiliadora, Maria de Jesus e Hermano José (falecido) fazem e restauram imagem e outros tipos de escultura com cerâmica natural que encantam os admiradores de arte e divulga os artistas da terra.

A comunidade de Canavial fica a 2 km da sede do município, onde existem dois morros: um denominado Morro do Canavial e o outro, Morro Losinha, que ainda conta com caatinga natural, na fazenda Consolo. O clima é semiárido, por isso os agricultores sofrem no período de estiagem.

Fonte de pesquisa:
Antigos escritos, Elvira C. de Almeida, Florisbela e Felogonia.
Fevereiro de 2011 / Ichu-Ba
Antônio Gomes Carneiro

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