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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Sem chuva, oito estados do Norte e do Nordeste batem recorde de seca dos últimos 40 anos

Dados do governo federal mostram que o volume de chuvas no Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe é o menor já registrado desde 1980.  
Oito estados das regiões Norte e Nordeste enfrentam neste ano a pior seca desde 1980 por causa da falta de chuvas: Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe.  

Os dados são do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, e foram compilados a pedido do g1. Eles levam em conta os registros de volume de chuva (em milímetros) de toda a sua base histórica, que teve início em 1980.

A falta severa de chuvas agrava a situação dos rios da região, que enfrentam uma seca persistente, com consequências para a população local, como desabastecimento de comida e água e prejuízos à navegação. O cenário tem relação com o El Niño atípico e como aquecimento global. O mapa abaixo mostra esses recordes.

As áreas em marrom dentro desses estados mostram as regiões onde a falta de chuvas já bateu recorde. Antes, o pior período de falta de chuva havia sido em 2015.  
Mapa mostra oito estados com recorde de seca por falta de chuva — Foto: Cemaden
As partes em vermelho indicam que já estão na segunda maior estiagem da sua história.  Já as áreas em amarelo apontam as que enfrentam a terceira pior estiagem. 

Reflexo: rios sem água  

A estiagem recorde tem deixado diversos rios estratégicos para a região com vazões (volumes) abaixo da média histórica.  

Trechos de rios importantes, como o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, estão sendo afetados.

Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mostram a evolução no impacto da seca nesses dois rios e o Arquipélago de Anavilhanas entre os dias 2 e 29 de setembro.  

No intervalo dos dez dias finais do período analisado, é possível ver que o nível dos rios baixa de forma acelerada.
Imagens mostram evolução da seca nos rios Negro, Solimões e Arquipélago de Anavilhanas — Foto: Arte/g1

Márcio Moraes, especialista do Cemaden e integrante da sala de crise da Região Norte, explica que essa rápida diminuição da vazão nos rios tem se mostrado alarmante.  

"O que chama a atenção é a velocidade com que os rios estão diminuindo de nível. Nos períodos secos, eles diminuem de forma lenta. Essa redução brusca nos deixa preocupados com os impactos, que vão de problemas na agricultura a até o desabastecimento da região e impacto na geração de energia", disse Márcio Moraes, especialista do Cemaden e integrante da sala de crise da Região Norte  

Moraes afirma que a região tem uma configuração cíclica, entre cheias e estiagem. No entanto, a interferência do El Niño fez com que a estiagem fosse mais severa e a cheia, menos intensa.  

“Estamos em um ano de El Niño, com uma temperatura acima da média e uma seca intensa no Norte. A gente já vem de um período de cheias no limite do esperado ou abaixo da média, o que fez com que a redução dos níveis dos rios acontecesse muito mais rapidamente”, explica.
Parte do Rio Negro secou próximo ao Cacau Pirêra. — Foto: Michel Castro/Rede Amazônica 
Seca fora do normal  

A seca recorde está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. Há oito anos, quanto também viveu a pior estiagem, também havia interferência de El Niño.  

O cenário pode piorar porque o período de seca que deveria terminar em novembro, deve se estender até janeiro. Com isso, o recorde da estiagem pode se estender a outras áreas do mapa.  

Os impactos da seca extrema têm sido sentidos em diversos âmbitos e escalas:

  • Um vilarejo no interior do Amazonas chegou a ser engolido após um deslizamento de terra conhecido como “terras caídas”.
  • Seca histórica causa desligamento de uma das maiores linhas de transmissão de energia elétrica do Brasil.

  • Por Poliana Casemiro do G1

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