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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Seca afeta agropecuária e a economia do município de Ichu

A produção leiteira praticamente deixou de existir em grande escala.
Animais mortos, pastos estorricados, tanques secos e safras de grãos perdidas - milho e feijão -, devido ao sol escaldante que cai sobre a região sisaleira, retrata o drama da seca e do sofrimento em que vivem dezenas de famílias de pequenos agricultores do município de Ichu, a 68 quilômetros da cidade de Feira de Santana. A comunidade que nos tempos áureos já foi considerada uma das principais bacias leiteiras desta parte da Bahia, com a dizimação do rebanho bovino e das pastagens, ao decorrer dos anos, essa produção praticamente deixou de existir em grande escala.

O comerciante e pecuarista, Adroaldo Mota Lima, proprietário da Fazenda Lote das Pretas, comentou que do rebanho de pouco mais de 100 cabeças de animais, 60 deles (vacas), vem sendo mantidos com ração balanceada a base de farelo de milho, caroço de algodão, trigo, com custo mensal da ordem de R$ 4 a 5 mil reais. O restante (gado solteiro), encontra-se em uma propriedade alugada por R$ 3 mil/mês. Com os reservatórios das propriedades secos, os gastos com aquisição de água para os animais, chegam a quase R$ 1 mil/mês.

Mota disse ainda, que os gastos prosseguem com a contratação de mão-de-obra para o manuseio do rebanho, além da aquisição de medicamentos para o banho nos animais que estão infestados de carrapatos e moscas, o que tem deixado o plantel estressado. “Nos bons tempos já cheguei a tirar 250 litros de leite dia e hoje, esses números não chegam a 120 e com uma redução de 130 litros/dia, o prejuízo diário é da ordem de R$ 500,00”, comenta Adroaldo Lima.

Passando pelo mesmo drama dos demais conterrâneos, o pecuarista Pedro Cedraz Carneiro, proprietário da Fazenda Morro dos Cachimbos, disse que a situação está “braba”, um perrengue danado e que, nem sempre, são flores. Com um plantel formado por 50 cabeças de gado, Cedraz lembrou que sua produção de leite, não caia de 120 litros/dia, com a estiagem que assola a região, não consegue tirar 50 litros. Nesse momento, os animais vêm recebendo alimentação balanceada a base de concentrados de milho, soja, algodão e sais minerais. Sem água na propriedade o criador compra em média, seis carros-pipa de água por mês, o que tem gerado um custo no valor de R$ 600,00.

Com uma população de 6.232 habitantes e uma área territorial de 127,668 km², o município de Ichu, continua desprovido de boas reservas hídricas, contando apenas com algumas aguadas e o rio Tocos, que é temporário, está seco. A situação das comunidades rurais só não é mais grave nesse período de estiagem por que contam com sistema de abastecimento de água encanada – com exceção as localidades de Mira Galho, Quixaba e Calumbi, desprovidas do benefício. O quadro climático atual na região é comum em todo período de verão, sendo mais acentuado em alguns municípios e de forma mais preocupante como agora, uma vez que ainda é primavera e isso prognostica um verão bem, mas agravante.

Por Pedro Oliveira / Tribuna da Bahia

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