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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Mandetta confirma que foi demitido do Ministério da Saúde

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. A confirmação foi feita pelo próprio agora ex-ministro através do seu Twitter. A decisão aconteceu após uma reunião entre ele e o chefe de Estado no Palácio do Planalto (leia mais aqui).
No post, Mandetta agradeceu a “oportunidade que lhe foi dada” e reiterou que o sistema de saúde brasileiro “está por enfrentar” o “grande desafio” da pandemia do coronavírus. “Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, escreveu.
As divergências entre os dois já se estendiam há algumas semanas, geradas inicialmente pela defesa contrária de Bolsonaro em relação às medidas de isolamento orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o uso da hidroxicloroquina como tratamento da Covid-19.

Médico de formação, Mandetta insistiu em manter um posicionamento técnico, contrário aos desejos de Bolsonaro. Em pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente pregou a interrupção do isolamento social, defendendo uma espécie de isolamento vertical, no qual apenas idosos e outras faixas de risco teriam restrição de circulação. 

A situação entre os gestores se agravou após diversos membros do governo e da política brasileira se posicionarem em favor do ministro. No início de abril, após um diálogo tenso com o presidente por telefone, Mandetta disparou: “O senhor que me demita, presidente”. 

A situação foi ao limite e uma quase demissão foi orquestrada para o dia 6 de abril. Na ocasião, o presidente recuou após reunião geral, que envolveu todos os ministérios. A desistência pela demissão naquela data teve como principal influência a ala militar do governo. 

Finalizada a reunião, em entrevista coletiva, Mandetta admitiu a tensão pela possibilidade em sair do cargo e agradeceu à equipe que “ajudou a fazer a limpeza das gavetas”, mas garantiu que vai continuar trabalhando contra o coronavírus. “[As críticas] Têm sido uma constante no ministério. Adotaram uma determinada linha de termos muitas vezes que voltar, fazer contrapontos, para poder reorganizar a equipe que fica numa sensação de angústia”, declarou.

No dia 9 de abril, a suposta demissão de Mandetta voltou ao cenário político após vir a público um diálogo entre o deputado federal Osmar Terra, cotado para substituir o então ministro, e Onyx Lorenzoni, da Cidadania e correligionário de Mandetta no DEM. 

Passada mais uma onda, veículos nacionais retomaram a questão. Desta vez, a informação dos bastidores era a de que o próprio Mandetta já comentava com pessoas próximas e membros do próprio Ministério da Saúde que a demissão aconteceria em breve. 

Na manhã do dia 15 de abril, o secretário de Vigilância em Saúde, auxiliar de Mandetta no ministério, Wanderson de Oliveira, pediu demissão do cargo. Ele era uma das autoridades do ministério que mais participavam das ações da pasta sobre o enfrentamento ao vírus e estava presente em boa parte das entrevistas coletivas da pasta sobre o tema. O então ministro recusou a demissão do auxiliar e garantiu que ambos sairiam juntos dos respectivos cargos (lembre aqui).

Por Mari Leal / Bahia Notícias

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