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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

PÚBLICO APLAUDE - ABRAVIPRE – LIDERANÇAS RELIGIOSAS IGNORAM

Grito dos Excluídos - 2012
O movimento 'Grito dos excluídos' é realizado anualmente, no Dia da Pátria, 7 de setembro, com o louvável propósito de chamar a atenção da sociedade para as péssimas condições em que vivem milhões de brasileiros - excluídos e desprovidos sociais. Reivindicam-se na ocasião saúde, educação, emprego e moradia. Neste ano de 2012, o evento teve como tema: “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”

           A ABRAVIPRE (Associação Brasileira de Apoio a Vítimas de Preconceito Religioso) fez-se presente pela primeira vez, enquanto instituição, na referida manifestação, um excelente ensejo para trazer à  vista da sociedade, mais uma vez, o insidioso e contumaz processo de exclusão social praticado pela denominação religiosa ‘Testemunhas de Jeová’ contra seus ex-adeptos, numa flagrante violação dos direitos humanos. Todavia, apesar de nosso entusiasmo e da recepção altamente positiva do público, um aspecto nos deixou preocupados – os organizadores do 'Grito dos Excluídos', ao citar, do púlpito, o nome das entidades presentes, estranhamente não mencionou o nome da ABRAVIPRE. Não queremos emitir aqui um juízo de valor, sem termos pleno conhecimento do que, de fato, levou os coordenadores a agir assim. Inevitavelmente, isso nos trouxe uma medida de desapontamento, uma vez que as vítimas de discriminação religiosa também são parte dos 'excluídos'. Por outro lado, como combatentes ferrenhos do preconceito religioso –  tanto o cometido contra religiosos como o cometido POR religiosos –, estamos cônscios de que seremos mal compreendidos por algumas entidades religiosas. Mas estamos dispostos a pagar esse preço.

          Um fato, ocorrido há algum tempo, quando desassociados (ex-Testemunhas de Jeová) tentaram se engajar na ‘Marcha para Jesus’, promovida por igrejas evangélicas, ilustra bem o problema. Ao chegarem à  concentração, abriram faixas e bandeiras contra a exclusão social praticada pelas Testemunhas de Jeová. Inesperadamente, organizadores do evento reagiram de forma hostil, dizendo: "Vocês precisam se retirar daqui, porque esta marcha é para Jesus.” Os manifestantes tentaram respeitosamente explicar-lhes que sua reivindicação de protesto não ia de encontro às igrejas evangélicas de forma alguma, mas contra uma discriminação religiosa que até Cristo, se estivesse ainda na Terra, estaria denunciando (neste ponto, é bom lembrar que, segundo os evangelhos, Jesus condenou publicamente a discriminação contra samaritanos). Para nosso espanto, os membros da marcha responderam: "Se vocês não se retirarem, chamaremos a polícia para retirá-los.”  Diante disso, os manifestantes recuaram. No entanto, apesar de não terem acompanhado o cortejo, expuseram, à beira da avenida, faixas com os dizeres: ‘ABAIXO A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA’. Cremos que todos deveriam se permitir um questionamento - esse tipo de atitude, por parte de alguns religiosos, não fortalece a intolerância, ao invés de combatê-la?

No Estado Brasileiro não há religião oficial, há liberdade de culto, com a qual concordamos. Há também a liberdade de descrença, com a qual também concordamos. A liberdade de pensamento é indiscutivelmente um valioso direito humano e uma garantia constitucional. Ninguém deve ser discriminado por ter ou não ter religião. Entretanto, cremos que a religião, funcionando sob o amparo do Estado e não à margem dele, tem (ou deveria ter) a função social de agregar, humanizar, confortar pessoas, torná-las seres humanos melhores, e não promover a intolerância, a divisão, o preconceito e o ódio. Obviamente não podemos esperar o apoio de todas as religiões, uma vez que nem todas elas se pautam no bem-comum, na transparência e no estrito respeito aos direitos humanos. Deveras, nossa entidade nasceu da luta contra práticas ilegais por parte de uma organização religiosa. Tal experiência ampliou nossa visão  – hoje percebemos que pessoas de todas as classes e lugares sofrem o estigma da intolerância e da discriminação de natureza religiosa. É um fenômeno mundial. A reação também precisa ser mundial.

Apesar de não sermos citados no ‘Grito dos Excluídos’, ressaltamos que foi uma excelente ocasião para levar, mais uma vez, ao público, nossa denúncia de violações de direitos humanos praticadas em nome da fé. A manifestação seguiu de perto o desfile militar, no centro turístico da capital – a ‘Beira-Mar’, e para o nosso júbilo, as pessoas que observavam a manifestação do alto de arranha-céus, aplaudiam com muito entusiasmo.

Não nos deteremos. Não nos calaremos. Silenciar diante da injustiça, quando se deveria protestar, faz dos homens covardes...

sebastian ramos 

<sebastianramos7@gmail.com>

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