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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Seagri e Secti discutem sustentabilidade para a agricultura familiar na região sisaleira

 
Para alcançar a sustentabilidade, os agricultores familiares da região sisaleira da Bahia precisam ter, pelo menos, cinco hectares de sisal, aliando essa atividade com a ovinocaprinocultura, segundo concluíram técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Com esse objetivo, conforme explicou o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, a Seagri, trabalhando em conjunto com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), está lançando, um projeto piloto que visa o aumento de produtividade, o aproveitamento total da folha de sisal e a agroindustrialização.

Salles explicou que o projeto piloto consiste na implantação de cinco polos de produção, em áreas dentro da região do sisal selecionadas pela EBDA, de acordo com critérios técnicos, dentre eles a concentração da produção. “Em cada um desses polos haverá, no futuro, uma máquina estacionária para beneficiar a folha do sisal”, disse ele, explicando que, ao contrário de todas as culturas, o sisal é a única processada no campo, deixando os lucros com os donos de motores, de batedeiras e com os atravessadores. “Isso só acontece porque até então só se aproveita 4% da folha da planta”, disse Salles, afirmando que “estamos trabalhando para mudar essa realidade, agregar valor à produção e gerar renda para o agricultor familiar”.

O secretário da Agricultura esclareceu que o trabalho, que está sendo realizado pela Seagri e Secti, com a participação de entidades como a Embrapa, Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), universidades federal da Bahia e do Recôncavo e Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Senai Cimatec), dentre outras, tem também o objetivo de alcançar, nos próximos anos, produtividade media de dois mil quilos de sisal por hectare, saindo da marca atual de 800 quilos/hectare. “Nas áreas novas que serão plantadas nos cinco polos do projeto piloto, a produtividade deverá ser de 2,5 mil quilos por hectare para o sisal tradicional, e quatro mil kg/ha para a variedade híbrida”, explicou.

Entre os meses de janeiro e fevereiro do próximo ano, máquinas da EBDA vão corrigir e preparar o solo para o plantio, no mês de maio, de mudas sadias nas novas áreas. Nas regiões do Estado em que o plantio acontece em outubro, a preparação do solo acontecerá nos meses anteriores.

Essas alternativas fazem parte do projeto apresentado pelo secretário Paulo Câmara, (Secti) durante workshop realizado terça-feira, em Valente, e discutido pelo secretário da Agricultura, nesta quarta-feira (22), com produtores do município de Campo Formoso, durante visita técnica a uma batedeira de sisal e área de produção no distrito de Tiquara.

Aplicação na indústria
Produzir móveis escolares, nos modelos tradicionais e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a partir da fibra do sisal; inseticida contra o ácaro de leprose dos citros, (uma das principais doenças da citricultura), creme antifúngico e xampu contra caspa, a partir do suco; ração animal com a mucilagem, e utilizar a bucha para construção de casas populares. Essas são algumas das possibilidades para utilização da mucilagem e suco do sisal, para o aproveitamento integral da folha da planta, que pode mudar a realidade da região sisaleira na Bahia.

Hoje, aproveita-se apenas 4% da folha do sisal, transformada em fibra; 26% é mucilagem 70% suco, subproduto ácido e que acaba descartado, prejudicando o meio ambiente.

A utilização total da folha e a agroindustrialização do sisal vão agregar valor ao produto, adensar e até dobrar ou triplicar a área plantada, gerando empregos e renda em toda região do sisal. Para exemplificar a potencialidade da utilização dos subprodutos do sisal, o secretário Paulo Câmara disse que a safra atual de sisal no Estado gera 1,4 bilhão de suco, que até então vem vendo descartado.

Para utilizar 100% da folha do sisal, o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Senai Cimatec), segundo informou o secretário Paulo Câmara, está desenvolvendo uma máquina estacionária definitiva, que vai desfibrar a folha do sisal, separando a bucha, a mucilagem e o suco, subprodutos que terão utilização nas indústrias automobilística, da construção civil, eletroeletrônica, moveleira e de fibrocimento. 

“Acho que esse esforço que está sendo feito pelo governo, através da Seagi e da Secti, indica a solução definitiva, com o aproveitamento total da planta e a recuperação econômica da região do sisal”, analisou Câmara. O secretário Eduardo Salles pensa da mesma forma, e vê ainda outras possibilidades, como a introdução no Estado da Agave Tequilana, ou Agave Azul, espécie cultivada no México, para a produção de tequila, mel e inulina. De acordo com ele, a Bahia poderia produzir etanol a partir desta variedade, em municípios com área de produção de sisal acima de 700 metros de altitude.

Ações prioritárias
Entre as ações prioritárias destacadas pelos dois secretários, estão a implantação de uma biofábrica, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), para produção de espécies resistentes à “podridão vermelha” (principal praga da cultura do sisal), e instalação de viveiros aclimatadores nas regiões produtoras. O projeto executivo da biofábrica está sendo finalizado,

Além disso, dois milhões de mudas livres da podridão vermelha estão sendo adquiridas, pela Secti, no Centro de Tecnologia Estratégica do Nordeste, em Pernambuco.

Para Maria Rita Alves e Iracema Oliveira, respectivamente presidentes da Federação e da Associação dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia (Apaeb), entidades parceiras na realização do workshop “Cadeia Produtiva do Sisal – fibras naturais em tempos de sustentabilidade”, as medidas anunciadas são importantes para o fortalecimento da cadeia do sisal e para a agricultura familiar, segmento predominante nessa atividade.

O presidente da EBDA, Elionaldo Faro Teles considera que “estamos fazendo uma construção social, que vai causar importantes impactos na economia da Bahia”. Ele destacou que a ação do governo, com olhar amplo na produção, comercialização e exportação, é validada pela participação das associações e cooperativas de produtores, e pelos movimentos sociais.

Fonte: Ascom/Seagri

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